23 outubro 2006

23 de Outubro de 2006

Cito um post de Eduardo Ferreira que me caiu na caixa do correio:

«É sabido que a voz do povo não se deixa enganar e que é sábia. Também é sabido que entre as muitas verdades, algumas inverdades diz. Mas!...
Será que tem alguma razão quando diz: "cu de menino e boca de juiz ninguém sabe o que diz"?Esta foi a expressão que me ocorreu, logo que ouvi a noticia da sentença, relativa ao julgamento do caso das vítimas da ponte de Entre-os-Rios.
Para mim, cumpriu-se mais um dito popular, a culpa morre sempre solteira. Afinal, até a "sapiência" dos juízes, cai por terra, face ao poder de tantas línguas. Pelo menos em relação às más, as do povo.
Por outro lado, também é sabido, que ao povo lhe são dadas razões de sobra, para ser como é. Agindo desta maneira incompreensível, é-lhe dada matéria infindável, para afiar a sua língua maledicente. E eu, também sou do povo.
Já que o povo de tudo se ocupa, de tudo sabe e tudo critica, façamos-lhe justiça.
Ao menos, quando nos previne para o andamento da história.
Quando a tragédia da queda da ponte de Entre-os-Rios aconteceu, ouvi uns dias depois um advogado dizer: - a partir de hoje muita coisa vai mudar em Portugal.
Recordo que pensei: é perfeitamente possível que assim seja. Também eu desejava que assim fosse. Infelizmente assim não foi, e a voz do povo continua tão activa que nos devia fazer parar para pensar.
É claro que essa voz pode ser injusta, mas se não queremos andar na voz do povo, não lhe podemos dar razão. E a realidade da nossa justiça não deixa de dar razão à critica.A própria estrutura em que se suporta, com "tribunais", uns acima de outros, como que a prevenir que quando uma instancia não cumpre os seus objectivos, haja uma outra acima, a que se recorra e que possa colmatar o "erro", ou seja a injustiça, só aumenta o grau de complexidade e a incompreensão, por parte daqueles que precisam de entender o que se passa.
Se a esta realidade tão complexa, como é a realidade dos tribunais, juntarmos a complexidade dos interesses com que tem de lidar, depressa se verá porque é que o resultado é tão desonroso, porque é que nem vale a pena dizer mais nada para além da citação: "cu de menino e boca de juiz ninguém sabe o que diz"...
Mais nada se ajusta a esta ao momento. Só me apetece chorar.
Eduardo Ferreira
Porto, Outubro 2006»
Bem se compreende a vontade de chorar de Eduardo.
Era por demais evidente que aquele processo criminal não daria em nada.
Mas é também evidente que há culpas e das grossas... Ou a ponte não cairia.
Desde o primeiro momento, vista até a atitude do então ministro das obras públicas, Jorge Coelho, que se demitiu, que o acidente tem como causa determinante a falta de vigilência e de assistência que ao Estado incumbia.
O ressarcimento das vítimas haveria de ser feito pelo Estado, como era claro desde a primeira hora.
Mas nós continuamos a julgar o Estado como entidade inimputável ou de condenação impossível.
Depois leva a Jutiça a descrédito, por tabela.

1 comentário:

Anónimo disse...

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