José Sócrates convocou uma conferência de imprensa para responder às últimas notícias.
Foi um autêntico desastre, que acentuou, ainda mais as dúvidas que vêm sendo meticulosamente semeadas na comunicação social.
O primeiro-ministro referiu-se, de forma enfática, à legalidade dos procedimentos relativos ao licenciamento do Free Port, coisa em que já ninguém fala.
O que está em causa é a questão de saber se Sócrates, ou alguém a seu mando ou com o seu conhecimento, recebeu uns milhões de euros por um favor feito à empresa inglesa. E sobre isso, o lider do PS não disse nada.
Do discurso do primeiro ministro ficou a ideia de que ele sabe quem está por detrás desta campanha de comunicação, a que ele chama «campanha negra». Mas ficou também a ideia de que ele não se sente com condições para desafiar tudo e todos e para dizer que aceita ser confrontado com todos os dados em que assentam as dúvidas.
De duas uma: ou Sócrates não tem nada com as suspeitas de que se fala e, nesse caso, ele deve assumir-se como o animal feroz que diz que tem dentro de si. Ou se tem alguma coisa deve dizê-lo e dar lugar a outro, se tiver cometido algum pecado.
Assim é que não... Custa ver quem foi, provavelmente, o melhor primeiro ministro português a ser queimado em lume brando e a projectar um triste fim.
Os argumentos são frágeis e são fracos. A PGR limita-se a dizer que, por enquanto, de um ponto de vista jurídico, não há elementos que permitam extrair conclusões, que é muito mais grave do que dizer nada.
Qualquer cidadão, num plano jurídico, se presume inocente até trânsito em julgado de uma decisão condenatória. Mas não é assim no plano político...
Neste, falando-se como se fala de milhões passados por contas bancárias, Sócrates só tinha um caminho por que podia seguir: mostrar na televisão todas as suas contas bancárias, para que não houvesse dúvidas de que esteve envolvido em porcarias.
É o que faz qualquer cidadão honrado... tomando em consideração dos valores que estão em causa.
Não o fazendo continuará a ser diariamente torturado pelo pinga pinga de informações novas, meticulosamente geridas e que os jornais não podem deixar de publicar.
1 comentário:
Os senhores jornalistas nossos concidadãos que deixem de fazer o jogo dos mandantes e dos ditos proprietários em geral e vão investigar e divulgar as dificuldades , as faltas de apoio, as insatisfações de necessidades, os maus tratos e os desdéns que recaiem todos os dias sobre os nossos concidadãos que não têm rendimentos, status e outras coisas diferenciadoras. Que vão investigar e comparar as vidas das crianças dos bairros problemáticos com as dos colégios de luxo, que vão comparar a vida dos trabalhadores e desempregados com a dos banqueiros e donos das grandes empresas ( públicas e privadas). Que denunciem os esquemas dos que se consideram importantes e a quem os que fazem fila para pagar impostos e que dizem que o dinheiro e as armas não podem acabar, consideram importantes.
Que tristeza, viver no meio desta gente...
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