12 julho 2008

A semana de Marinho Pinto

No dia 6 de Julho escrevia o Jornal de Notícias, com a assinatura de Tiago Rodrigues Alves:

«Marinho Pinto em ruptura com as distritais da Ordem - Contestação ao estilo aumenta e estruturas poderão tomar posição crítica sobre o bastonário»

Em sutítulo, o jornalista usa um método clássico para lançar uma ideia: a da destituição. Quando nada existe, passa a existir dizendo-se que não existe.
A noticia, que reproduz em boa parte outra do Sol, vem envolta em clima de «golpe de estado».

«Conselhos distritais estão em "ruptura total" com o bastonário mas a hipótese de destituição nunca foi levantada. Marinho Pinto diz que não muda de estilo e que, mesmo com críticas, vai cumprir o programa sufragado.»

E prossegue:

«A possibilidade de se iniciar um processo de destituição do bastonário da Ordem dos Advogados (OA), Marinho Pinto, foi ontem lançada pelo semanário "Sol". Todavia, apesar de os Conselhos Distritais (CD) da OA estarem frontalmente contra a actuação do bastonário, e, não obstante uma ou outra voz poder ter aflorado essa possibilidade, "a destituição nunca se discutiu", afirmou ao JN uma fonte de um CD.
Se a destituição nunca esteve em cima da mesa nos encontros entre os vários CD, já as críticas a Marinho Pinto foram o prato principal. "Actualmente, há uma total ruptura entre o bastonário e os CD", declarou a mesma fonte.
O presidente do CD de Lisboa, Carlos Pinto de Abreu, explicou que um dos principais pontos de discórdia foi o quebrar da tradição de convidar os CD para o Conselho Geral (CG). "Uma coisa é nós passarmos directamente a nossa mensagem aos membros do CG, outra é reunirmo-nos com o bastonário e ele, depois, transmitir a nossa mensagem da forma que entender", declarou.

O advogado disse ainda que Marinho Pinto "falta à verdade quando diz que as CD não fazem propostas, bastando consultar as actas da CD de Lisboa que estão na Internet para confirmar as várias propostas efectuadas". Estas posições dos CD irão ser tornadas públicas amanhã, através de um comunicado.
Marinho Pinto, confrontado com estas críticas, disse ao JN que vai "cumprir o programa eleitoral que foi apresentado e sufragado com a maior votação eleitoral de sempre".

O bastonário reafirmou que nunca viu "uma proposta séria ou a introdução de um argumento válido por parte da CD".
No entanto, Marinho Pinto crê que o verdadeiro motivo para as críticas que agora vêm a público é o facto de ele estar a mexer com o modelo de formação dos estagiários. Pinto de Abreu refuta esta explicação: "esse tema nunca foi discutido entre nós, portanto, não podemos ser contra uma coisa sobre a qual nem sabemos qual é a posição do bastonário".
O estilo frontal e directo de Marinho Pinto é uma das suas imagens de marca e um dos pontos mais referidos quando se pede um balanço do seu mandato. Apesar de muitos dos advogados contactados pelo JN terem afirmado que partilham das ideias do bastonário, não deixam de fazer alguns reparos ao modo como têm vindo a ser transmitidas.
"Lançou questões que é urgente serem debatidas mas fê-lo com a habilidade de um elefante numa loja de porcelana", afirmou Silva Cordeiro.

Também Jorge Bacelar Gouveia partilha desta opinião: "há algumas críticas a fazer, mais em relação ao estilo do que ao conteúdo, mas quando foi eleito as pessoas já sabiam como ele era". Fernando Moura disse estar em "solidariedade total com o bastonário que pode ter um excesso ou outro, mas é um homem de bem, impoluto e honesto."
Castanheira Barros compreende a violência do discurso, uma vez que "se o discurso, por vezes, não é duro, ele não passa".
Já Cavaleiro Brandão, que afirmou estar "extremamente preocupado" com esta situação, mais do que o estilo, critica o conteúdo. "Tem falado contra a classe e não tem actuado de modo a garantir a unidade interna dos advogados e da própria Ordem.
O bastonário disse ao JN que não vai mudar de estilo porque "o que está em causa são gostos e, se me criticam o estilo, é porque não têm críticas de substância".


Fica a ideia de que o circo está montado... Vamos ver o que isto dá...

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