«O conflito continua. As distritais da Ordem dos Advogados reagiram de forma crítica à carta do líder da OA. Além de defenderem os seus cursos, os representantes dos advogados lembram que Marinho Pinto já esteve envolvido neles.
As distritais da Ordem dos Advogados (OA) acusam o seu bastonário de atacar sem razão a formação de estagiários, quando o próprio Marinho Pinto foi durante anos patrono formador. Ao que o DN apurou, o líder dos advogados portugueses recebeu durante dois anos cerca de mil euros por mês por desempenhar esse cargo na Distrital de Coimbra.
Em resposta à carta que Marinho Pinto enviou aos advogados, onde apelidava a formação dos recém-licenciados de "cancro da ordem", o presidente da Distrital do Porto defendeu ao DN que os cursos a cargo das secções regionais acompanharam o aumento acentuado de juristas que todos os anos saem das universidades portuguesas e são fundamentais para manter a qualidade da advocacia.
Mas Guilherme Figueiredo não se ficou por aqui e fez questão de lembrar que também Marinho Pinto já fez parte do sistema que agora critica.
"Há que recordar que o bastonário foi formador e numa altura em que se ganhava bastante mais do que se ganha hoje, que são 50 euros por aula. E nessa altura, não me recordo de ouvir Marinho Pinto criticar o sistema.
"O DN verificou junto de outra fonte bem colocada no interior da Ordem dos Advogados a veracidade da informação e recebeu a garantia que o Bastonário dos Advogados foi durante dois anos patrono formador no Conselho Distrital de Coimbra.
Nesse período, Marinho Pinto recebeu mil euros mensais correspondentes ao cargo.
O DN tentou obter esclarecimentos junto do Bastonário da OA, que esteve incontactável até ao fecho da edição.Por estas razões, o presidente da Distrital de Lisboa aconselha o bastonário a "ter menos palavras e mais actos".
No entanto, Carlos Pinto de Abreu reconheceu que ainda nem sequer leu a carta "por ter coisas mais importantes para fazer". Já Guilherme Figueiredo leu com atenção a mensagem de Marinho Pinto e aproveitou para desmentir algumas das informações do bastonário, nomeadamente a da existência de uma funcionária da distrital a ganhar 11 mil euros por mês. "Quando entrei em funções no princípio do ano, houve uma reclassificação de categorias no Porto, portanto ninguém ganha mais de metade daquilo que é apontado pelo bastonário, da mesma forma que só eu tenho acesso ao cartão de crédito da Ordem, que nem sequer uso", adiantou o líder da distrital portuense da OA.
O presidente do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados, Daniel Andrade, juntou a sua opinião à dos seus colegas de Lisboa e Porto e defendeu que o bastonário "deve explicar-se" após "imputações gravíssimas" a órgãos e titulares da Ordem.
"É bom que o senhor bastonário se explique", declarou Daniel Andrade, reeleito este ano para a liderança da OA em Coimbra, sem que declarasse então apoio a qualquer dos candidatos a bastonário.»
Lembra-me isto a história de uma prostituta que se ofendeu perante o que lhe disse uma ex-prostituta, dizendo que, no fim de contas eram iguais.
Eu acho que toda a gente ficou adormecida durante anos, sem se questionar sobre essa negociata da formação.
Só me apercebi de que havia alguma coisa errada quanto senti a necessidade, no meu escritório, de proibir os estagiários de aplicarem alguns asneiras aprendidas nas aulas da Ordem.
O importante não é que Marinho Pinto tenha sido formador. Talvez isso até o tenha ajudado a compreender a dimensão da negociata da formação.
O importante é o está no relatório, em termos de critica à situação. E importantíssimo é o esclarecimento das denúncias que ele faz.
Espero bem que lhe rebatam todos os documentos e que ele responda.
Isto não pode é ficar assim.
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